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“Entre aplausos e gritos, a cobra se levantou, ficou na ponta do rabo e disse:
– “Também eu sou perseguida pelo homem pra todo canto que vou. Pra vocês o homem é ruim, mas pra nós ele é cruel. Mata a cobra, tira o couro, come a carne, estoura o fel.
Descarrega todo o ódio em cima da cascavel. É certo, eu tenho veneno, mas nunca fiz um canhão. E entre mim e o homem, há uma contradição... O meu veneno é na presa, o dele no coração. Entre os venenos do homem, o meu se perde na sobra... Numa guerra o homem mata centenas numa manobra, e ainda tem cego que diz: Eu tenho medo de cobra.”
Antônio Francisco
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